Enquanto o mundo se tranca em quarentena, há profissões cujas atividades não podem parar. As forças de segurança estão entre elas. Todos os dias, nesses mais de dois meses em que a maioria da população pôde trabalhar de casa ou, ao menos, se revezar em teletrabalho, ouvimos notícias de novas operações da Polícia Federal. Ou de trabalhos essenciais que policiais federais continuam fazendo, como escoltar respiradores de aeroportos a hospitais.
Policiais federais não podem ficar em casa. Seguem atuando também em portos, aeroportos e postos de fronteiras. Seguem arriscando suas vidas e suas saúdes. Seguem colocando em risco a saúde de seus familiares.
A Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef) precisou trabalhar duro para conseguir um mínimo de segurança. Foram feitas gestões junto aos postos de comando para obter o mínimo de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) que nos protegessem da contaminação. Alguns estados chegaram a recorrer à Justiça para garanti-los.
Ainda assim, e muito por estarem nas ruas, já tivemos a confirmação de cerca de 60 casos de policiais federais infectados. Há outros 40 casos suspeitos, sob análise. E três agentes administrativos já perderam suas vidas para a doença.
À Corporação – agentes, peritos, papiloscopistas, escrivães, delegados e agentes administrativos – não falta coragem para continuar desempenhando seu trabalho. Todos sabemos da importância do papel da polícia federal neste momento delicado para o mundo. Não há um só integrante da corporação que se recuse a desempenhar seu papel.
Ainda assim, como servidores públicos que somos, sofremos agressões de onde menos se espera: de quem devia comandar a Economia do País com determinação e tranquilidade.
Como servidores públicos que somos, fomos chamados de parasitas há bem pouco tempo. Agora, somos comparados a assaltantes e ameaçados. O ministro da Economia, Paulo Guedes, insinua que não irá pagar mais para que policiais exerçam sua função.
Os policiais, estamos desempenhando nossa função, senhor ministro. E gostariam que o senhor desempenhasse a sua, ao invés de disparar contra quem enfrenta os problemas nas ruas.
Existe uma catástrofe em curso no Brasil e no mundo. É uma guerra concreta contra um inimigo abstrato. Não há como vencer uma guerra sem estratégia e sem respeito por quem está no combate.
Não defendemos uma causa corporativista. Defendemos o reconhecimento para o soldado que está na linha de frente, na primeira trincheira. São policiais, mas também são médicos, enfermeiros, profissionais de limpeza pública, agentes penais, entre outras categorias de servidores públicos que não se furtam ao trabalho diário.
Queremos estar na vanguarda do combate contra a covid-19. Mas não estamos dispostos a ser os que apenas ‘vão na frente’, para distrair o inimigo e morrer em combate. Não enfrentamos baionetas, e sim, um vírus. Queremos estar equipados, estimulados para o combate. Sem riscos desnecessários e com o reconhecimento que merecemos.
Lamentável!
Esse é o representante dos militares? Da ordem? do direito? Estamos a deriva!