O cenário hospitalar ou a internação domiciliar traz sensação de insegurança aos pacientes e familiares que se acentuam quando dependem de cuidados básicos, como higiene, alimentação e mobilidade física.

O profissional tem a oportunidade de focar suas ações de cuidado, estabelecendo uma conexão integrada entre as tarefas normalizadas pela instituição e as possibilidades de melhor atender o paciente e a família para garantir conforto e segurança. No entanto, cuidar não se limita à execução de atividades técnicas, mas evolui o paciente como um todo, sua história, expectativas e sentimentos, resgatando a importância dos aspectos emocionais, psicológicos e físicos, acolhendo e valorizando-os em todas as suas dimensões.

O cuidado possui dimensões científicas e tecnológicas, éticas e filosóficas, estéticas e interacionais voltadas para o ser humano, considerado um organismo físico, social, cultural e sensível . Nesse sentido, o cuidado representa um ato com intenção terapêutica, que requer competência técnica, comprometimento e ética de seus agentes, que interagem entre si.

Assim, o cuidado é uma ação para tornar-se um estado de desconforto ou dor em outro, cada vez mais confortável com menos dor. Portanto, ele tem uma perspectiva terapêutica sobre um indivíduo que tem uma natureza física e mental, O banho é destacado entre as inúmeras atividades envolvidas no tratamento do paciente.

Considerado uma prática de cura há mais de dois milênios antes de Cristo, o banho está mudando ao longo do tempo e com a variação de lugares e culturas, estabelecendo alguns padrões para sua execução entre as pessoas.

Atualmente, existem três tipos de práticas de banho mais comuns: banho na banheira, aspersão (banho no chuveiro) e banho na cama.

Tomar banho na cama é uma prática amplamente utilizada em residências, bem como em clínicas e hospitais que prestam atendimento a pessoas acamadas ou com doenças que requerem repouso ou imobilização temporária, impedindo-as de realizar sua própria higiene.

Tal procedimento requer muita maturidade do executor e sabedoria para explicar a técnica ao paciente ou membro da família e, durante esta prática, não embaraçar o paciente de nenhuma maneira. Essa prática de banho promove ações terapêuticas, pois aumenta a circulação periférica devido à temperatura da água e ao exame físico, observando e tocando todo o corpo do paciente.

O banho não é apenas uma atividade de higiene corporal, mas uma ação terapêutica baseada em um conjunto de conhecimentos científicos. Esse processo de higiene é um instrumento de cuidado e possui um guia cientificamente comprovado a ser seguido, buscando conforto e permitindo a oportunidade de avaliação do paciente, objetividade e agilidade dos profissionais, evitando exposição prolongada e garantindo sua segurança.

A técnica bem-sucedida desse procedimento pode representar alívio da dor, pois o paciente está acamado e se sente confortável com sensações agradáveis ​​e totalmente subjetivas.

Segundo o Ministério da Saúde, o banho para o paciente acamado deve ser feito da cabeça aos pés, deixando as partes íntimas na última etapa com o auxílio de um pano macio e da bacia com água, em temperatura adequada, onde o artista umedecerá o pano e executar a técnica de higiene corporal.

No entanto, também existem outros materiais adequados para o banho em algumas lojas e instituições. A dinâmica do banho na cama gera intensa mobilidade física para o profissional, produzindo queixa de fadiga e dor com consequente doença ocupacional com ausências nos turnos de trabalho.

Doenças osteomusculares relacionadas ao trabalho ocorrem em grande proporção devido à sobrecarga de procedimentos realizados pela equipe de enfermagem e condições desfavoráveis ​​no ambiente de trabalho. Esses problemas são causados ​​por pouco espaço físico e materiais ergonomicamente inadequados.

O banho no leito oferece riscos à equipe de enfermagem e é imprescindível a busca de métodos alternativos que minimizem esses danos. Essa busca se dá pela aquisição de conhecimentos e estudos no desenvolvimento de dispositivos que ofereçam menos adversidades e mais ergonomia.

Um dos métodos de trabalho adotados e bem aceitos pela enfermagem é o método funcional. Esse método busca economizar tempo e agilidade na execução de atividades e procedimentos de maneira segura e eficiente. Para executar esse recurso, é necessário o desenvolvimento de pesquisas alternativas e técnicas propedêuticas. E o chuveiro portátil é um deles.

O professor José Paulo Muniz Junior é enfermeiro e trabalha com saúde em hospitais brasileiros da rede público-privada há mais de 10 anos. Ele desenvolveu dois dispositivos e os patenteou ao avaliar sua prática e buscar melhorias para os pacientes que precisam tomar banho na cama, famílias que geralmente precisam cuidar de seus dependentes em casa e também de seus colegas profissionais de saúde que durante todo o dia realizam vários banhos na cama e que, por repetição, peso do paciente e dos materiais, enfrentam dores insuportáveis, automedicação, avarias entre outros problemas.

Os dispositivos visam reduzir o peso para a amamentação, facilitar o aquecimento da água, economizar água, tempo e serviços de lavanderia (reduzindo o peso da roupa de cama), entre outros benefícios. Um dispositivo com capacidade de 1000 ml para água do banho e outro com capacidade de 100 ml para o sabão líquido que desenvolvemos.

Tomar banho na cama não é um procedimento devidamente valorizado por sua extrema importância. Deve ser considerada uma necessidade essencial, pois garante a higiene do paciente, livrando-o de alguns patógenos, além de proporcionar uma sensação de alívio, leveza e conforto, e essa ação deve ser avaliada e intensificada no indivíduo doente.

O objetivo dessa ação é alcançar conforto e bem-estar e proporcionar ao paciente lembranças positivas, pois ele está em um momento de sofrimento. Muitos profissionais estão focados em realizar suas atividades diárias em tempo hábil, sem reconhecer os sentimentos do paciente.

A proposta do chuveiro portátil é trazer o banho de aspersão, mesmo que isso seja impossível para o paciente, reduzindo assim os sentimentos de ansiedade e medo. O frasco principal, onde a substância de assepção será adicionada, tem uma quantidade de 1000 ml, suficiente para o banho, e possui ‘furinhos’ que imitam os chuveiros convencionais; o líquido é aspergido em cada parte do corpo sobre o paciente acamado e a cada aspersão, o paciente vai sendo, logo em seguida, e de pouco em pouco, enxugado com pano macio e adequado.

A técnica convencional de banho no leito (balde e bacia) não se refere à lembrança do banho ideal para o paciente, pois não proporciona o conforto esperado, principalmente quando o paciente necessitará desse procedimento por vários dias.

Certamente, as pessoas que cuidam de seus familiares em casa também se beneficiarão do produto, pois é fácil de manusear, ocupa pouco espaço e não requer treinamento para usá-lo. São necessários muitos estudos para complementar essas afirmações, tornar relevantes e entender as complexidades da assistência ao paciente em repouso na cama, promover conforto ao paciente e avaliar a questão ergonômica profissional, garantindo o desenvolvimento de dispositivos para o profissional, como o chuveiro portátil, que promove o bem-estar, a praticidade e a eficiência como ferramenta de trabalho em sua prática diária.

 

Bruno Vilas Boas Dias Enfermeiro.Prof. Mestre Ciências da Saúde. Centro Univ Pe. Anchieta, Jundiaí, SP; Centro Univ Cpo Limpo Pta. Cpo Limpo Pta, SP.