O distanciamento social, embora seja a única maneira efetiva de conter o avanço rápido do coronavírus, pode trazer sérias consequências à saúde mental do idoso; portanto, é fundamental que entendamos melhor em que situação ele se encontra.
A pessoa acima de 60 anos faz parte do grupo de risco para desenvolver complicações pela Covid-19. A vulnerabilidade social, a limitação da rotina e a distância dos familiares são alguns aspectos que influenciam o estado emocional do idoso. Dependendo da faixa etária, se ele tem 60 ou 80 anos, pode sofrer impacto diferenciado diante do isolamento. A solidão, na terceira idade, é uma questão que precisa ser considerada com cuidado.
O idoso passa por muitas situações difíceis: perdas cognitivas e físicas e, às vezes, a separação de amigos e familiares. Para administrar essas limitações, é preciso ser resiliente e gostar de viver. Uma das formas produtivas de ter um envelhecimento saudável, além de valorizar uma alimentação equilibrada e a prática de exercícios, é apostar na socialização. Com o isolamento social, evidentemente, o idoso fica prejudicado, podendo desenvolver quadros ansiosos e depressivos. A família, amigos e operadoras de saúde devem ter o compromisso de acolhê-lo nesse momento tão difícil, para que as consequências dessa pandemia sejam minimizadas.
Eu mesma tenho uma mãe com 80 anos de idade, cujo estado de saúde atual não lhe permite uma compreensão do que está ocorrendo no momento. Como trabalho em hospital, evito ficar perto dela. Outro dia, ela me segurou pelo braço e me disse: “estou com saudades de você, quero um abraço”. A fala da minha mãe ecoou no meu coração. Disse algumas palavras afetuosas, entreguei-lhe um bichinho de pelúcia, pedi que o apertasse e que se sentisse abraçada por mim. Acabamos dando algumas risadas. Temos de prestar atenção, para o idoso não ficar “seco” de afeto e até depressivo.
A atitude da família irá variar dependendo do contexto em que o idoso se encontra:
- Para o idoso que mora sozinho, os familiares podem abusar dos recursos tecnológicos. Se não tiverem acesso, podem utilizar o telefone mesmo, sem restrições. Use a criatividade: coloque uma música de que o idoso goste, deixe tocar bastante, recite um poema, conte uma piada ou peça aos netos para falarem ao telefone.
- Para o idoso que mora com a família, conversem mais, coloquem uma música, dancem, cantem ou façam exercícios com eles.
- Para o idoso que mora sozinho e não tem família, telefone para os amigos, assista programas divertidos, restrinja as informações que terá acesso, dedique-se a um hobby, faça comidas diferentes, ouça música, faça trabalhos manuais, desenhos e pintura.
Outro fator que tem prejudicado bastante o idoso é a parte física. Movimentando-se menos nessa quarentena, as articulações vão ficando comprometidas. Dentro das suas possibilidades e limitações físicas, caminhe dentro de casa, sente, levante e mude de posição. Mantenha-se ativo.
Pensando em continuar oferecendo ao idoso qualidade de vida, mesmo neste momento, o Núcleo Silvestre, que se ocupa com a saúde e prevenção desse grupo, tem usado as ferramentas tecnológicas para manter contato, por meio de vídeos e contatos telefônicos, interagindo de maneira dinâmica, divertida e afetuosa.
O idoso precisa saber que o distanciamento social é necessário, mas podemos continuar transmitindo afetividade de outras formas, virtualmente, por enquanto. A saúde mental aumenta o nosso sistema imunológico, e precisamos estar fortalecidos para enfrentar juntos esse cenário complexo. Não há pandemia que dure para sempre. Vai passar. Enquanto isso, vamos amar, mesmo que de um jeito diferente! Descubra o seu e o da sua família.