A prática da atividade física regular tem aumentado a longevidade e se transformou em um aliado contra as doenças do século. É fundamental para combater o sedentarismo e contribuir com a perda de peso, atuar contra a ansiedade, estresse e depressão, melhorando de forma significativa a saúde cognitiva, trazendo mais autoconfiança, bem-estar e humor ao ativar de forma direta a produção de endorfina e serotonina, considerados os hormônios do prazer.

E não para por aí. Melhora as funções cardiorrespiratórias e musculares e é um consenso da medicina a prática como uma forte possibilidade de retardar o desenvolvimento de doenças crônicas e até mesmo para tratamento e alívio dessas dores.

O que poucas pessoas sabem é que o sistema nervoso demora cerca de três meses para memorizar o incômodo insistente como dor e esse estado crônico, que não aparece de um dia para o outro, convenhamos, promove uma péssima qualidade de vida.

 

O poder dos exercícios

Eles são capazes de promover alterações nos sistemas nervosos centrais e periféricos e nas áreas cerebrais responsáveis, em que se intensifica a dor, produzindo substâncias com efeito relaxante nos tecidos, como endorfina, noradrenalina ou serotonina. Resultado: eles ajudam a modular a atividade fornecida para as áreas que “guardam” a memória de dor e minimizam essa sensação ruim.

Uma pesquisa da Sociedade Brasileira de Estudo da Dor (SBED) apontou que mais de 60 milhões de brasileiros convivem com variadas enfermidades, como cefaleia, tendinite, artrose, artrite reumatoide, lombocitalgia e fibromialgia. A incidência desses sintomas atinge mais o público feminino entre 30 a 40 anos e pelo menos uma média de cinco a sete mulheres para cada homem. E as causas mais prováveis são herança genética, estilo de vida e influência dos hormônios.

 

O corpo da mulher é diferente

Aliás, é exatamente por conta dos hormônios que o público feminino apresenta massa muscular menor, que significa ter menos força e, por isso, também tendem a sofrer mais com lesões na área dos joelhos e quadril. Pelo formato ser largo, a rotação do fêmur internamente pode levar a quatro vezes mais a ruptura do ligamento cruzado, a grande causa de dor patelofemoral (rótula) e a condromalácia em mulheres (lesões na cartilagem sem cura, apenas com tratamento para minimizar o problema e a dor).

Sem contar que a sensação de bem-estar provocada pela produção de endorfinas após uma atividade aeróbica também é responsável por colaborar no ajuste do ciclo menstrual, na diminuição das cólicas e nos temidos efeitos da TPM, como alteração de humor, vontade de comer doce, dores nas costas, mamas e ainda no aumento da libido.

E tem mais: acima dos 50 anos, com o organismo mais frágil, os exercícios são ideais para evitar a desaceleração metabólica e perda da massa muscular, assim como ajudar na qualidade dos movimentos, reduzir a pressão arterial, aumentar o tônus, recuperar o equilíbrio e a coordenação motora, e principalmente, prevenir lesões.

 

Atividade sempre com acompanhamento

Além de uma avaliação criteriosa com um médico para um diagnóstico assertivo e a recomendação de um acompanhamento adequado, os exercícios físicos são aplicados para driblar esses males, trazendo certo alívio, assim como uma maneira de fortalecer ossos e articulações e ainda colaborar para um melhor desenvolvimento dos movimentos.

Um profissional qualificado da área do esporte é o mais indicado para traçar um planejamento ou recomendar a intensidade dos treinos, podendo ser leve, moderado ou intenso. Mais importante que a adoção da prática esportiva é a escolha da série e tipos de exercícios para atuar na solução de cada problema. O primeiro passo é recorrer a centros especializados para que haja um acompanhamento personalizado e com foco no tratamento, mesmo que seja online, isto é, o profissional orienta pela internet.

As modalidades caminhada e corrida, por exemplo, apresentam resultados efetivos no combate das dores crônicas por atuarem no processo de liberação de endorfina, uma espécie de analgésico natural produzido pelo corpo. Já o Pilates corrobora para a ampliação da flexibilidade e tonificação dos músculos, sendo bastante funcional para minimizar sofrimento provocado pela dor, alinhar a postura e aumentar a força. Já para quem gosta de pedalar – e, neste momento da pandemia pode fazer em casa – melhora o condicionamento, a mobilidade e tonificação muscular.

Se o incômodo constante é nas articulações, os exercícios de força contribuem para a tonificação dos músculos, reduzindo a pressão localizada. O levantamento de peso olímpico também é bastante recomendado para a construção da força óssea. E os de flexibilidade e alongamento, como tai chi chuan e ioga também conferem estímulo aos músculos e trazem alívio para quem sofre de doenças articulares crônicas, por exemplo.

Além disso, os exercícios de fortalecimento têm sua efetividade para o cuidado com problemas no joelho, uma das articulações mais propensas a traumas por conta da sua anatomia, seja em pessoas normais ou atletas.

Quem sofre com problemas na coluna, por exemplo, pode encontrar na yoga uma ferramenta eficaz, uma vez que os discos intervertebrais provocam hérnias e comprimem os nervos quando permanecem estáticos. Nesse caso, os movimentos assertivos conseguem preservar essa área sem dor. E tem mais: ao contrair e alongar os músculos durante as posições, o sistema linfático ganha uma ajuda extra para combater infecções, células cancerígenas e limpar as toxinas do corpo.

Em tempo: a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda cerca de 150 minutos semanais de atividade física leve ou moderada (cerca de 20 minutos por dia) ou, pelo menos, 75 minutos de atividade física de maior intensidade por semana (cerca de 10 minutos por dia). Encontre a sua!