O ano começou e tudo mudou. Planos como casamentos, abertura de um novo negócio, viagens ou início de cursos tiveram que ser adiados para uma data que ainda ninguém sabe qual é. Quando isso acontece, a frustração toma conta por causa da expectativa criada e não realizada. Existem duas formas de lidar com essa situação, de acordo com a psicóloga e psicoterapeuta Ana Gabriela Andriani.

“A decepção é sempre difícil porque ela pode nos paralisar, visto que temos que enfrentar nossa vulnerabilidade e o fato de nada estar garantido, ou então, ela pode nos reinventar para fazermos outros planos e desenvolvermos melhor o nosso emocional”, destaca a especialista.

O Covid-19 despertou, por causa do isolamento social, mudanças significativas na dinâmica de vida das pessoas e, consequentemente, no comportamento, nos relacionamentos e também na saúde.

“Diante dessa pandemia e de suas consequências, algumas pessoas se tornaram mais solidárias e outras, individualistas e a tecnologia está sendo o principal meio de comunicação entre as pessoas, tanto sob o aspecto pessoal quanto profissional, o que traz novas experiências e também desafios a todos. É uma transformação em diversos sentidos”, destaca a psicoterapeuta.

O aspecto emocional é o que está sendo mais afetado e terá que ser trabalhado de uma melhor forma no mundo pós-pandemia. A Dra. Ana Gabriela Andriani explica que “em termos gerais, todos estão sendo afetados, mas em diferentes níveis. As pessoas estão mais inseguras, preocupadas com a instabilidade econômica e ameaçadas pelo medo de adoecer. Quem possui tendências depressivas ou ansiedade, provavelmente está mais sensível a toda essa situação”, analisa.

 

Tendências

Segundo a Dra. Ana Gabriela Andriani, as formas de trabalho e de relacionamento entre as pessoas estão sendo transformadas pela pandemia e certamente, nem tudo será como antes.

“Um ponto importante é o contato humano. Em um primeiro momento, pode ser que as pessoas tenham certo receio ao toque e, por conta disso, seja algo que tende a diminuir, porém, a presença física nas relações mais próximas não são substituídas pela tecnologia, então, com o tempo, irão voltar à normalidade”, pondera a especialista.

Para a Dra. Ana Gabriela Andriani, a saúde mental está entre os aspectos mais relevantes desses impactos e destaca ainda uma tendência bastante preocupante na pós-pandemia:  “clínicas e hospitais, já sobrecarregados pelo número de pacientes com Covid-19, são incapazes de lidar com o aumento de casos de ansiedade, estresse, depressão e outros distúrbios, que costumam ganhar mais força em períodos de pandemia e de estagnação econômica”.

Nos Estados Unidos e na China, o número de pessoas é extremamente alto e certamente no Brasil não será diferente nos próximos meses. “Ainda não temos a dimensão exata da situação das pessoas aqui no país, pois nem todos têm acesso ou buscam a ajuda de profissionais especializados, mas certamente essa onda de distúrbios mentais e suas consequências, como ataques de pânico, overdoses e suicídios infelizmente tendem a crescer diante desse grande trauma psicológico provocado pela pandemia do coronavírus”, conclui a psicoterapeuta.