Uma forma cada vez mais comum de trabalhar a saúde no Brasil (e em quase todo o mundo) é voltando os olhos para práticas que focam apenas no corpo físico. Desde muito cedo, aprendemos na escola a importância da Educação Física, hoje com mais aulas teóricas que práticas. Desde criança, ouvimos falar o quanto praticar esportes faz bem – o videogame não era adorado como hoje pela maioria das crianças e adolescentes. O que fazíamos, nos meus tempos de criança, era brincar de ‘rouba bandeira’, bola e pega pega ou correr de um lado para o outro o dia inteiro na rua. Era energia que não acabava mais.
Somos conhecidos, ainda, como o “País do futebol”, mas os números mostram que estamos mais para sofá, pipoca e petiscos que para chuteira, uniforme e bate bola, já que somos uma das populações mais sedentárias do mundo, com boa parte das pessoas apresentando sobrepeso e obesidade. Para piorar ainda mais o quadro, os jovens estão nas estatísticas que mostram uma relação direta entre a falta de cuidados com o corpo e o alto número de complicações de saúde na pandemia que estamos vivendo. A Covid-19 está mostrando o quanto ser jovem e não cuidar da saúde é perigoso. Todos os dias cresce o número de pessoas jovens internadas com a saúde se complicando por conta da pandemia do coronavírus.
A verdade é que estamos longe de termos os cuidados conhecidos como “ideais” com o corpo físico como boa alimentação, hidratação, atividade física regular e muitos outros. Grande parte dos profissionais da área de Saúde e alguns programas de Governo alertam há tempos para a necessidade de cuidar do corpo como um templo sagrado que nos permite vivenciar as belezas e alegrias da vida. Mas parece que tudo isso tem surtido pouco efeito e as doenças que aumentam os fatores de risco vão ganhando espaço. O que presenciamos são mais hipertensos e diabéticos sendo diagnosticados e em idades cada vez mais precoces.
Uma das formas de garantir a saúde do corpo é cuidar da saúde mental. Falar sobre cuidar da mente para garantir a saúde do corpo ainda soa estranho, mas, nos últimos tempos, a pandemia deu mais força ao assunto. Trabalho com gerenciamento de estresse há um bom tempo e já vivenciei muitos momentos inusitados com relação a isso. Já ouvi gente comparando estresse à calça jeans, dizendo que os dois estão na moda e caem bem. Tem gente que diz que é só tomar uma bebida que o estresse diminui. Já os mais resistentes ao assunto dizem que estresse é frescura. A verdade é que trabalhar com transtornos mentais não é tão simples como parece. Quando paramos para pensar nos casos de depressão e suicídio no mundo, chegar a ser assustador.
Ao trabalhar com diversos pacientes, ele afirma ter percebido que colocar uma roupa para ir à academia já não tem sido fácil no País, ainda mais colocar uma roupa para meditar ou fazer yoga e relaxamento. Parece ser um desafio ainda maior em nossa sociedade. Novas metodologias e pesquisas têm surgido para auxiliar nos cuidados com a saúde emocional. O que já se sabe é que a pratica diária de propostas que impactam no gerenciamento do estresse pode mudar o panorama de interação entre a mente e o corpo.
Entre algumas medidas que considera importantes está viver o momento presente. E isso é um verdadeiro desafio, ainda mais nos tempos atuais, em que nossa atenção está muito dispersa. Muitos fatores desfocam nosso estado de concentração, como o celular ou a carga de tarefas que se apresenta no dia a dia. Vivemos em um ritmo frenético e acabamos não percebendo nem as coisas boas e nem algumas pessoas ao nosso redor.
Também é importante ajustar o modo de pensar. Nossa mente está sempre buscando sempre o futuro e estes pensamentos nos empurram para a ansiedade, que, por sua vez, gera sintomas limitantes. É preciso estar atento ao modo de pensar, ajustando os filmes criados em nossas mentes e mudando os finais derrotistas e trágicos por verdadeiros finais felizes que podem fazer a diferença. Não é negar a realidade, mas ver o que faz sentido e o que não faz. Se é para criar, então, que sejamos mais otimistas.
Por último, precisamos aprender a agradecer mais. A reclamação já faz parte do nosso cotidiano, então, preste mais atenção nas possibilidades que a vida oferece e estimule as áreas cerebrais, modificando a química do metabolismo por meio da prática da gratidão. Sabemos que, às vezes, não é fácil agradecer, principalmente, em períodos como o atual, mas vale a pena tentar!
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