A profissão de eletricista é uma das que convive com altos riscos (daqueles em que há estado de alerta constante).

No desenvolvimento das atividades elétricas, a fim de garantir a segurança e a sanidade física e mental desses trabalhadores é necessário fazer avaliações médicas de suas condições constantemente.

Essas avaliações têm como objetivo constatar se os trabalhadores estão aptos ou não para exercer suas funções frente aos diversos riscos envolvidos na atividade.

Neste ponto entra o PCMSO – Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional, como forma de avaliar alterações de saúde que possam colocar em risco a integridade física do indivíduo e de seus colegas de trabalho, além do patrimônio e da imagem da empresa.

Recomenda-se que a avaliação clínica seja minuciosa, admissional e periódica para os funcionários que desenvolvem esse tipo de atividade e, quando necessário, a realização de exames complementares.

Mas, será que o PCMSO considera todos os riscos a que eles estão expostos?

Quando se fala em Saúde e Segurança no Trabalho para trabalhadores da área elétrica, muito se explora quanto à “segurança”, mas falha-se na questão “saúde”.

E é muito importante se considerar a saúde, pois, além dos acidentes, que podem ser fatais, existem as doenças que podem causar os acidentes e doenças provenientes da atividade profissional e que podem causar sérios problemas a esses profissionais.

Além dos riscos inerentes à eletricidade, a saber: choques elétricos, arcos voltaicos e exposição a campos eletromagnéticos, temos, também, exposição aos riscos nas diversas atividades existentes nos ambientes de trabalho, devido às características do trabalho, presentes em todos os locais que utilizem eletricidade, já que atuam em todas as áreas onde seja utilizada energia elétrica.

Nessas áreas há riscos de atividades desenvolvidas nesses locais, como por exemplo: ruído, altura, espaços confinados, umidade, entre tantos outros.

Temos que considerar, também, os riscos ergonômicos devidos a posições e esforços inadequados, e no convívio com atividades de alto risco.

Devem-se considerar também como importantes os riscos mentais como estresse, levando posteriormente ao burnout.

A OHSAS 18001 inclui, em suas colocações sobre a política de Segurança e Saúde no Trabalho, a inclusão de “um comprometimento com a prevenção de lesões e doenças ocupacionais e com a melhoria contínua do sistema de gestão …”, bem como “o comprometimento em pelo menos atender aos requisitos legais aplicáveis e outros requisitos subscritos pela organização, relacionados aos seus perigos a SSO”.

Dentro desse escopo, o treinamento é muito importante como prevenção de acidentes e doenças, mas, não é tudo.

O principal é conhecer todos os riscos a que os trabalhadores estão ou estarão expostos e tomar as medidas necessárias de prevenção e de correção das consequências.

Nessa atividade de prevenção / correção, devem ser considerados nos exames médicos, conforme descrito na Norma Regulamentadora 07, a saber: “os trabalhadores autorizados a intervir em instalações elétricas devem ser submetidos a exame de saúde compatível com às atividades a serem desenvolvidas”, incluindo nesses casos os exames complementares, contemplando toda a gama de riscos, como por exemplo:

  • Acuidade visual – Relacionado aos riscos elétricos, altura e espaços confinados;
  • Teste de discriminação de cores – Relacionado aos riscos elétricos;
  • Eletrocardiograma – Relacionado aos riscos elétricos, altura e espaços confinados;
  • Eletroencefalograma – Relacionado aos riscos elétricos, altura e espaços confinados;
  • Hemograma – Relacionado aos riscos com altura e espaços confinados;
  • Glicemia de Jejum – Relacionado aos riscos com altura e espaços confinados;
  • Espirometria – Relacionado aos riscos com altura e espaços confinados;
  • Avaliação Psicológica – Relacionado a atividades de convivência com altos riscos;
  • Avaliação Ergonômica – Relacionada aos esforços musculoesqueléticos, posturas assumidas, trabalho muscular exigido, etc.

E todos os demais exames realizados nos diversos setores dos departamentos em que laboram, tais como, por exemplo, a audiometria.

Para concluir, podemos afirmar que, se compreendendo os agravos e o adoecimento, relacionados ao trabalho da área elétrica é possível buscar a prevenção e a minimização da ocorrência de doenças relacionadas ao trabalho dos eletricistas e contribuir para a melhoria das condições de trabalho, promovendo o bem-estar dos trabalhadores envolvidos e evitando prejuízos às empresas.