Nos últimos cinquenta anos a psicologia tem se ocupado do sofrimento e de aspectos confusos e doentes do ser humano. No entanto, a doença e o sofrimento não se caracterizam como regra, e sim, exceção. Assim, podemos dizer, que até então a Psicologia se interessou apenas pela exceção, desprezando o estudo do ser humano saudável. Esse quadro resultou em necessidades não atendidas de milhares de pessoas.
Dispomos atualmente de sistemas de classificação bem elaborados e detalhados das doenças mentais, como o CID (Classificação Internacional das Doenças), e o DSM (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais). Cabe ressaltar que o trabalho na classificação das doenças teve, de acordo com Snyder e Lopes (2009), um avanço de 2000 anos. No entanto, pouco foi feito para procurar estudar e classificar as forças e qualidades humanas, porém este quadro está mudando.
Algumas classificações e formas de medir as qualidades humanas (talentos, pontos fortes, virtudes e forças de caráter) foram criadas, refinadas e amplamente disseminadas na última década, sendo que este conhecimento começa a ser empregado de forma efetiva pela psicologia, não apenas dentro dos consultórios, mas também nas empresas.
Identificar e desenvolver forças humanas é fundamental. Primeiramente para aumentar o bem estar e a felicidade das pessoas. Ao trabalharmos nossas forças, empregando as mesmas no dia a dia, podemos ser mais eficazes, eficientes e felizes. Isso, por sua vez, ajuda a aumentar o bem-estar, a felicidade, o senso de autoconfiança. Em segundo lugar, identificar e trabalhar as forças ajuda a tornar o trabalho mais prazeroso e aumenta o engajamento do colaborador, sua responsabilidade de motivação. Ao identificar as forças e recursos dos trabalhadores, a equipe como um todo, se beneficia, bem como o consumidor final.
Algumas empresas tornaram-se especialistas em identificar e tentar suprir as lacunas de competência de seus funcionários e colaboradores por meio de treinamento. Desta maneira, ao trabalhar com a mentalidade ultrapassada de procurar corrigir, ou na melhor das hipóteses. administrar os pontos fracos, as empresas despacham os funcionários para treinamento. afim de que suas fraquezas sejam corrigidas. Vale lembrar que, este tipo de abordagem, tem seu lugar e muitas vezes faz-se necessária. O controle de danos é indispensável em certas ocasiões. Porém administrar pontos fracos não significa desenvolvimento. O controle de danos pode evitar o fracasso, mas nunca fará ninguém chegar a excelência.
Por outro lado, algumas empresas passaram a adotar e a trabalhar com os pontos fortes, empregando novas premissas:
- Os talentos de cada pessoa são permanentes e únicos.
- O maior potencial para o crescimento de cada pessoa está em seus pontos fortes.
Pontos fortes são definidos como a capacidade de se ter um desempenho constante, quase perfeito, em uma determinada tarefa. Além disso, ao exercer um ponto forte a pessoa sente satisfação.
Não é possível desenvolver um ponto forte por meio da prática e da repetição. O desenvolvimento de pontos fortes, em qualquer atividade, pressupõe talentos naturais. Para criar ou desenvolver um ponto forte é necessário aprimorar os talentos, com conhecimento e técnica. Enquanto os talentos são inatos, conhecimento e técnica podem ser adquiridos por meio do aprendizado e da prática.
Em muitas funções podemos adquirir o conhecimento e as técnicas necessárias para um bom desempenho. Com isso, estaremos desenvolvendo uma habilidade, não um ponto forte.
Abordar a questão das forças e qualidades humanas e discutir formas de identificá-las vem sendo uma prática extremamente importante e necessária dentro das organizações. Por esse motivo descobrir e desenvolver seus talentos e pontos fortes é fundamental, pois através dessa prática, certamente seu desempenho profissional e qualidade de vida irão melhorar.