Nunca ouvimos falar tanto em vírus e bactérias como nesse momento que estamos vivendo. Foram criados tantos conceitos sem se ter comprovação científica; e esse artigo surgiu com base nos diferentes debates e informações dissociadas do que é ciência e o que se pode associar entre saúde e doença.

Estamos familiarizados, atualmente, com o processo de infecção e imediatamente o associamos a doença ou a enfermidade. É importante que se diga que quando um vírus se estabelece em uma célula, começa a reproduzir-se, invade células vizinhas e transmite instruções que provocam uma verdadeira desorganização de nossas funções normais, fazendo com que nos sintamos doentes e busquemos erradicá-los.

Infecção é associação, do ponto de vista biológico, indesejável. Não somente os vírus e as bactérias podem invadir nossas células. Lembrando-se das aulas de biologia ou de ciências, os vírus são constituídos de DNA (uma molécula presente no núcleo das células de todos os seres vivos e que carrega toda a informação genética de um organismo) ou RNA (molécula que apresenta informações com as quais é possível coordenar a produção de proteínas) e proteína. Portanto, partículas de DNA de macro ou microrganismos, ou provenientes de organismos já mortos podem também invadir ou estabelecer-se em uma célula.

Algumas pesquisas do século passado sobre a estrutura e comportamento do DNA, a incorporação de bactérias à lista de “cobaias” de laboratório em virtude de sua relativa simplicidade de estrutura e facilidade de multiplicação, e a descoberta da persistência, em todos os organismos e em toda a biosfera (esfera da vida), revolucionaram a biologia molecular. Esse dado deixou clara a relação entre animais (o homem incluído) e plantas, a compreensão da relação ecológica e de equilíbrio no ambiente para manutenção da vida, e como as doenças podem surgir quando o meio não é equilibrado.

Doenças emergentes e reemergentes estão aparecendo de forma muito rápida, apontando o desequilíbrio existente entre a tríade homem, animal e ambiente. A quebra de paradigma ocorrerá quando pensarmos como um único ser, um único organismo, quando pensarmos em ‘Saúde Única’, ou seja, saúde humana, saúde animal e saúde ambiental. Essa será a única forma de evitarmos o surgimento de novas catástrofes de cunho biológico, que colocarão em risco a vida no planeta Terra.

A Saúde Única está relacionada a saúde ambiental, ecologia, saúde pública, saúde humana, saúde animal, saúde econômica e as interações entre a saúde individual, saúde das populações e a saúde dos ecossistemas. Levando em consideração as infecções virais e bacterianas, a resistência aos antimicrobianos e os mais diferentes tipos de zoonoses existentes.

Desde os tempos de Hipócrates ficou evidente a necessidade de dar atenção aos fatores ambientais, em se tratando de saúde. Falava-se em poluição desde os tempos em que acreditava-se que as doenças provocadas pelos miasmas (doenças infecciosas e epidêmicas) eram as que empesteavam a atmosfera.

Por fim, o homem é o único animal que poderia aprender pelo exemplo – aproveita-se da experiência alheia, e não o faz. A pandemia atual constitui uma necessidade urgente de mudanças de paradigmas e uma verdadeira aliança entre o homem e a natureza.

 

 

Willian Barbosa Sales – Biólogo, doutor em Saúde e Meio Ambiente, coordenador dos cursos de Pós-graduação da área da saúde do Centro Universitário Internacional Uninter.