Transformar o cenário urbano num local acolhedor, com espaços mais funcionais e que favoreçam a mobilidade da população é uma estratégia já bastante difundida em outros países e que agora se faz muito necessária, inclusive para o Brasil.

Em tempos de abraçar a diversidade, conectar pessoas, negócios e lazer de forma planejada e sustentável, bairros inteligentes e integrados à cidade são a grande tendência entre os empreendimentos imobiliários, o que atrai gente interessada em se apropriar do lugar onde mora e explorar todas as possibilidades de bem-viver.

A sinergia entre o morar, o trabalhar, estudar e se divertir, é contrária ao que ocorreu na década de 80, com a explosão dos condomínios fechados nos grandes centros. Com muros altos, elaborados sistemas de segurança e construções sofisticadas, esses empreendimentos isolavam os moradores do próprio entorno, como se eles vivessem em bolhas, longe da realidade.

Geralmente distantes dos centros comerciais, esse conceito ficou ultrapassado e caro, pois exige grande deslocamento de pessoas para outras regiões, gera maior circulação de veículos, provoca congestionamentos, emissão de gases na atmosfera e, principalmente, resulta num estilo de vida estressante.

As chamadas ‘smartcities’, baseadas no conceito do novo urbanismo, priorizando pessoas, com uso misto e diversidade de moradores, trazem consigo propostas que se mostram como importante alternativa para a mobilidade urbana, impactando positivamente na qualidade de vida da comunidade.

Algo nesse sentido já está acontecendo em Pelotas, no Rio Grande do Sul, com a criação do bairro Quartier. Baseado nos pilares “smart, green e lifestyle”, esta iniciativa mostra que o setor privado pode sim contribuir com a melhoria da qualidade de vida das cidades.

Com 30 hectares, sendo 10 deles de mata preservada, o Quartier localiza-se próximo a universidades, escolas e ao polo médico de Pelotas, estando perfeitamente integrado ao sistema de transporte público da cidade, permitindo a interação com o entorno.

O uso inteligente dos espaços prioriza o walkabillity, ou seja, a possibilidade do morador realizar todas as suas tarefas a pé. Além disso, o Quartier integra no mesmo lugar, prédios residenciais, escritórios, lojas, centro de alimentação, academias a céu aberto e até um parque, o que promove movimentação no bairro 24 horas por dia, aumentando a segurança de quem vive ou trabalha ali.

Essa integração não se restringe só à região. A ideia é criar uma conexão do Quartier com o mundo, uma vez que o projeto contempla a instalação de um Centro de Inovação, com foco em inteligência artificial, aceleração de negócios e startups. É a chance de potencializar os talentos locais, o que representa um ganho enorme para Pelotas, em geração de empregos e atração de grandes empresas.

Por que devemos nos conformar com a falta de estrutura das grandes cidades, se podemos aliar a rotina ao bem-estar com praticidade na locomoção? Que esse projeto inspire outros, Brasil afora e promovam uma reflexão sobre novas formas de morar.