Cumprindo fielmente o receituário neoliberal, o governo federal pratica o Estado mínimo e submete toda a população aos interesses do mercado livre: a Eletrobras será entregue à iniciativa privada.

Quando a incompetência e irresponsabilidade abrem mão do controle de uma empresa estatal estratégica, como a Eletrobras, que responde por 30% da energia elétrica gerada no país, transmite 45% de toda a energia no território nacional, gera lucros e reduz a sua dívida, o futuro dos consumidores de energia elétrica será afetado, por causa dos aumentos de tarifa que ocorrerão.

O custo da tarifa de energia elétrica no Brasil, que já é um dos maiores do mundo segundo a AIE (Agência Internacional de Energia) ficará ainda maior com a privatização da Eletrobras.

Na melhor das hipóteses, o preço (em torno de R$70 MW/h hoje, praticado pelas usinas da Eletrobras em função das cotas e do controle da ANEEL), após a privatização, subirá para cerca de R$155 MW/h.

A formação deste valor seguirá as diretrizes do mercado. Além disso, existe uma previsão de aumento imediato da tarifa para os consumidores residenciais, da ordem de 14%, logo após a realização da venda da Eletrobras.

Este mesmo consumidor ainda arcará com os repasses dos preços dos produtos e serviços que utilizam a energia elétrica como insumo.

Segundo a ABRACE (Associação Brasileira dos Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres), o custo com energia é da ordem de 48% do preço do leite, 34% do custo final da carne, 28% do que pagamos por uma cerveja e também representa 10% dos gastos com materiais de construção e com açúcar.

A FIESP (Federação das Indústrias de São Paulo) estima que a privatização da Eletrobras pode gerar um custo adicional de até R$460 bilhões no longo prazo.

Isso significa que este custo será bancado pelos consumidores, também de forma indireta, pois as indústrias não abrirão mão do repasse do valor.

Em um contexto de alta do desemprego, de precarização do trabalho e de retirada de direitos trabalhistas, a população vai pagar ainda mais caro pela conta de luz. Com certeza, falta um projeto de desenvolvimento para o país e sobra incompetência e insensibilidade.

O Eletricitário é duplamente afetado quando ocorre a privatização de uma empresa do setor elétrico: como consumidor, ele pagará mais caro pelo serviço e receberá um serviço de menor qualidade – seja por conta da perda de memória técnica da empresa, seja pela redução de investimentos em manutenção de equipamentos e em qualidade destes serviços.

O prejuízo torna-se ainda maior com o início das demissões após a privatização. Isso porque a redução do quadro de trabalhadores e a terceirização são ações comuns para a iniciativa privada, que, sob a argumentação de modernização, não hesita em mandar embora milhares de trabalhadores e precarizar a atividade.

Todas as iniciativas de alteração da Medida Provisória que foi aprovada, tanto na Câmara dos Deputados, como no Senado, no sentido de assegurar o emprego e a tranquilidade para o trabalhador da Eletrobras, foram rejeitadas pelos políticos submissos à perversa lógica do lucro a qualquer custo (ou foram vetadas pelo Presidente da República, demonstrando o desprezo pela classe trabalhadora do país).

Isso sem contar o número de “jabutis” vergonhosamente aprovados: por exemplo, a construção de usinas termelétricas sem tubulação para transporte do gás, a prorrogação de contratos a preços atuais, a “flexibilização” da preservação ambiental e a invasão de terras indígenas.

Estes, de forma bem acessível e de fácil compreensão, são os principais motivos que levam o Sindicato dos Eletricitários de São Paulo e a FENATEMA a repudiarem as justificativas esdrúxulas utilizadas pelo governo federal, na busca por desculpas para entregar mais um patrimônio nacional.

O Brasil acima de todos e os interesses acima de tudo. Viva a nova “velha” política!