Nos deparamos com uma das maiores crises hídricas dos últimos anos. Ela terá impacto direto no bolso dos brasileiros, que passam a se acostumar com os aumentos nas faturas mensais, sempre que os dias mais frios chegam.

Embora seja de se esperar que em um país com o clima do Brasil o outono e o inverno sejam as estações mais secas, ainda assim, se deve refletir sobre a frequente dificuldade no abastecimento de água durante esse período do ano e quais os reflexos desse acontecimento para a garantia do direito à energia elétrica.

A energia elétrica é necessária no dia a dia de todas as famílias, sendo essencial para a manutenção de todos os lares. Está nos meios de contato, na refrigeração de alimentos e até mesmo na vida social.

Pensando nisso, é correto permitir que em meio à uma urgente crise econômica a população ainda tenha que sustentar aumentos abusivos em suas contas de luz ao fim do mês? Como advogada ambiental e bióloga, garanto que não.

Além de confirmar o completo caos ambiental em que o país se encontra, a crise hídrica também expõe a ineficácia de governos que ainda não se aprofundaram na possibilidade de investir em fontes sustentáveis de energia, capazes de prover abastecimento durante todo o ano, sem prejudicar a economia das casas e comércios do nosso país.

O Brasil é, por natureza, um país com enorme potencial de produção de energia solar e eólica, mas ainda está muito aquém do que é realmente almejado quando buscamos políticas de incentivo e legislações favoráveis a esse tipo de abastecimento elétrico. Tal cenário beira o primitivo em dias atuais e contraria orientações globais dadas no Acordo de Paris.

É possível concluir, portanto, que enquanto continuarmos à mercê de um quase um único meio de abastecimento energético, permaneceremos impotentes diante do problema, encarando o acesso à energia elétrica como um benefício para quem pode ter o privilégio de pagar por ele e que se distancia, cada vez mais, do tão sonhado status da dignidade humana.