Há menos de um mês para irmos às urnas e decidirmos quem serão nossos próximos representantes.
E, após alguns dias de debates, sabatinas e entrevistas, é possível constatar que mais uma vez as candidaturas não priorizam em seus programas de governo o tema da sustentabilidade.
A pandemia e a guerra na Ucrânia trazem o debate para a área econômica, mas é preciso fazer desse um momento de janela de oportunidades para o Brasil, trabalhando ao mesmo tempo a proteção social, a preservação ambiental e o desenvolvimento econômico.
Apesar do senso de urgência em reverter nosso modelo de vida que tem impactado na nossa relação com o meio ambiente, o tema da sustentabilidade tem baixo apelo eleitoral na sociedade como um todo.
É preciso reverter esse cenário e incluir a pauta ambiental como prioridade da agenda política transformando a sustentabilidade em uma agenda política relevante – sendo necessários para isto, engajamento, conscientização e representatividade legislativa.
Este caminho deve ser percorrido pensando-se na sustentabilidade de forma ampla com impacto direto nos interesses e demandas da sociedade e desconstruindo a concepção de sustentabilidade como algo restrito à questão ambiental.
Os benefícios de uma agenda sustentável impactam questões geográficas, sociais, culturais e econômicas de uma nação.
O cenário de inflação e o aumento da desigualdade social são desafios para o próximo governante, mas é preciso incluir o debate ambiental como parte da solução desses problemas.
Afinal, o Brasil assumiu o compromisso internacional de reduzir pela metade o desmatamento ilegal no país até 2027, ou seja, dentro da próxima gestão.
Para difundir a importância da proteção ambiental e da exploração racional dos recursos naturais, tão importante quanto a eleição de ocupantes dos cargos majoritários está a eleição de um legislativo representativo e comprometido com uma agenda política sustentável – representativo no quesito de diversidade da sociedade brasileira (jovens, mulheres, negros e indígenas), e totalmente alinhados às demandas da sociedade em geral.
É imprescindível a retomada de investimentos e fundos voltados ao clima, além de estabelecer uma participação ativa da sociedade civil e da comunidade científica nas políticas públicas voltadas ao meio ambiente e à sustentabilidade.
Rever o uso de agrotóxicos e erradicar o garimpo ilegal, além de promover a segurança hídrica e alimentar.
Devemos também nos preparar para uma transição energética com a reorientação do uso do petróleo e a implantação de uma infraestrutura de baixo uso de carbono.
Só assim nos tornaremos menos vulneráveis a ocorrências ambientais e estaremos preparados para emergências como no triste episódio de vazamento de óleo nas praias do nordeste brasileiro.
O caminho para tornar a sustentabilidade relevante política e eleitoralmente passa pelo posicionamento firme da sociedade em defesa de um modelo com características sustentáveis.
É necessário entender as particularidades e ouvir as comunidades em questão, isso de forma consciente e mobilizada.
Não podemos aceitar um debate raso, genérico, eleitoreiro e panfletário para um tema profundo e de interesse mundial.
Uma coisa é fato: a promoção de práticas sustentáveis e a proteção do meio ambiente não são mais pautas restritas aos ambientalistas.
A sustentabilidade é um anseio social e uma questão de sobrevivência. É hora de tirar a sustentabilidade do discurso e trazer para a prática.
Se não for dessa maneira, não haverá futuro.
Artigo relevante e necessário. Novamente estamos deixando passar a oportunidade ímpar de trazer a pauta da sustentabilidade para o centro das discussões sociais.
Parece que estamos anestesiados sem a real noção do quanto as questões climáticas irão impactar a vida de todos no planeta. Talvez quando acordarmos seja tarde demais.
Excelente abordagem, num momento oportuno para fomentar o cuidado com a sustentabilidade. Todas as soluções para desenvolvimento econômico, tecnológico, de combate à vulnerabilidade social precisam adequar-se às novas legislações ambientais, mas precisamos ser mais ousados e ir para além dos muros de defesa e investir pesado na sustentabilidade desde a infraestrutura urbana (ausência de tratamento de esgotos), despoluição de córregos e preservação de nascentes, … até o cuidado com a manufatura de materiais extraídos da natureza em larga escala sem controle, fiscalização e compensação. Fontes de energia alternativa precisam emergir mais rapidamente e baratear seu custo, para acelerar a substituição das fontes de combustíveis fósseis… persiga nesta luta! Parabéns!!! Compartilhando aqui, seu artigo.