As doenças cardiovasculares são responsáveis por 1/3 das mortes em mulheres de todas as idades. No Brasil, estima-se que mais de 17 milhões de pessoas, a maioria com mais de 40 anos, sofrem de hipertensão. Dessas, mais da metade são mulheres, principalmente em período da menopausa.
A hipertensão é notadamente fator de risco para as principais causas de morte: o infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral (isquêmico e hemorrágico) AVC.
Durante muito tempo os estudos privilegiaram a saúde masculina, nos deixando em segundo plano. Felizmente o ano de 2020 foi muito promissor, trazendo a público estudos importantes sobre a saúde cardiovascular feminina e os efeitos dos hormônios, como o estrogênio sobre o aumento de problemas cardiovasculares nas mulheres, especialmente no climatério e pós menopausa.
Por que as mulheres são mais afetadas?
Estudo publicado recentemente no Jornal de Cardiologia da Associação Médica Americana, constatou que os vasos e artérias femininos, envelhecem mais rapidamente que os dos homens.
A coordenadora do trabalho enfatiza que a pesquisa não só confirma que as mulheres têm biologia e fisiologia diferentes, mas são suscetíveis a desenvolver alguns tipos de enfermidades ao longo de sua vida. Sua equipe analisou dados de 145 mil medições de pressão feitas ao longo de 43 anos e abrangiam pessoas do sexo feminino entre 5 e 98 anos.
A pressão arterial é fator crítico para a detecção de doença cardiovascular e a equipe buscou padrões sobre como e quando a pressão começa a subir. Em vez de comparar dados de homens com os de mulheres, os pesquisadores fizeram comparações entre mulheres e entre homens, separadamente. A análise demonstrou que as mulheres têm taxas de elevação da pressão arterial mais alta e que se desenvolve mais precocemente que nos homens.

Imagem: Estágios da aterosclerose
Os vasos e artérias femininos tem menor calibre (são mais finos que os dos homens), o que nos deixa mais vulneráveis a obstrução desses vasos e artérias por placas de ateroma, a temida aterosclerose.
As mulheres contam com um vasodilatador natural: o estrogênio, que atua no organismo feminino, evitando o acúmulo do LDL (colesterol ruim) e facilitando o HDL (colesterol bom).
Durante o climatério os níveis de estrogênio começam a declinar no organismo, justamente onde temos a maior incidência de hipertensão entre as mulheres. Some-se a isso fatores de risco como: obesidade, diabetes não controlado, má alimentação,
sedentarismo, hipertensão e níveis de colesterol alterados e histórico familiar de doenças cardiovasculares.
Com exceção do histórico familiar, todos os fatores de risco são modificáveis, podemos sim prevenir problemas cardiovasculares, basta disposição em mudar alguns hábitos.
Ok! Se nossos vasos e artérias são mais finos, envelhecem mais rapidamente e temos a redução do estrogênio e do seu efeito protetor… E agora? Quem poderá nos defender?
E é aí que entra a alimentação! A melhor forma de prevenir problemas como a hipertensão e demais problemas cardiovasculares é ter uma alimentação e estilo de vida saudáveis.
Alimentos que reduzam o LDL (colesterol ruim) e aumentem o HDL (colesterol bom) não podem faltar no dia a dia, por mais agitado que ele seja!
Vários estudos apontam as fibras e as gorduras mono e poli-insaturadas como amigas da saúde cardíaca, justamente por que ajudam na redução do LDL e dizem que o consumo diário desses alimentos pode reduzir em até 80% o risco de desenvolvimento de doenças cardíacas.
Investir em alimentos como aveia, que contém betaglucana, que além de ajudar no controle do colesterol, ainda ajuda no controle da glicose. Use nas frutas, iogurtes, pães, vitaminas ou mingaus. 02 a 03 colheres de sopa diárias são suficientes.
Trocar os óleos vegetais por azeite de oliva, essa fonte de gorduras mono e poli-insaturadas, rico em polifenóis (substâncias que previnem contra doenças cardiovasculares) e ainda ajudam no aumento da porção HDL e diminuem o LDL é no mínimo interessante! Use a versão extra virgem para saladas e pratos prontos.
A soja é rica em isoflavonas, um fitoestrógeno vegetal muito parecido com o nosso hormônio estrogênio, e já que sua falta prejudica nossa saúde cardiovascular, o reforço positivo do consumo vem em boa hora. Consumir soja e seus derivados tem efeito cardioprotetor, já que ela também atua na redução do colesterol LDL

Imagem: Frutas vermelhas
Frutas vermelhas são excelentes amigas do coração. As uvas contêm resveratrol, que tem efeito cardioprotetor, diminui a formação de coágulos e previne contra a trombose.
O nosso açaí nos ajuda no controle do colesterol, aumentando o HDL e diminuindo o LDL, graças às antocianinas, que são substâncias anti-inflamatórias.
Além disso, invista nos peixes como a sardinha, atum, salmão, linguado e truta, que além de saborosos tem ômega 3, que tem efeito cardioprotetor.
Atividade física regular e prazerosa traz benefícios não só ao coração, mas também a sua mente. Gerencie seu stress e ansiedade com práticas como o yoga e meditação.
Consulte um profissional de nutrição para individualizar sua alimentação, respeitando sua história e cultura alimentar, afinal mudar hábitos deve vir acompanhado de prazer!
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