De que maneira a pandemia tem afetado a saúde física e mental dos professores e profissionais da educação?

São tantas perguntas em meio a esse período caótico em que vivemos, mas é preciso num primeiro momento entendermos a função da escola, dos profissionais da educação e a rotina exercida no cotidiano.

A escola é um lugar em que se tem estabelecido regras para o funcionamento e organização de um convívio social possível, sendo necessário o controle de algumas ações para que as crianças/adolescentes e seus familiares se sintam seguros e desta forma, os profissionais são formados e capacitados para atuarem dentro deste ambiente.

Com a chegada da pandemia, este evento se tornou inédito e fez com que a equipe gestora se mobilizasse em busca de conhecimento a respeito do ensino remoto, algo inevitável em um momento de isolamento social. Contudo, nem os gestores e nem os professores estavam preparados para a grandeza da situação.

Foi necessária uma grande dose de adaptação pessoal e profissional, pois o controle do que acontece no ambiente escolar deixa de ser preciso (no sentido de precisão) e passa a ser previsto (no sentido de possibilidades variadas de rotina, organização, etc.).

Uma das dificuldades encontradas no caminho foi o domínio da tecnologia, que vai desde o uso do WhatsApp, envio de mensagens, vídeo chamadas, participações em grupos, salas de reuniões em diversas plataformas, gravação de vídeo aulas até edição de vídeo e aula ao vivo com todas as interferências do ambiente que poderiam ocorrer, caso fosse presencial.

Junto a todo esse trabalho de domínio de tecnologia, existe ainda o período de planejamento e de execução das atividades com os alunos que passaram a ocupar um tempo muito maior na rotina diária. Nem sempre a execução do aluno ocorrerá no horário previsto da aula, pois dependerá da disponibilidade de cada família e da organização de sua rotina, ocorrendo muitas vezes horas, ou dias após a postagem da atividade, implicando assim em uma disponibilidade permanente do professor e uma sensação de que não há início e fim do trabalho. Tal disponibilidade, surgiu com a situação do trabalho remoto em que o professor ao ministrar sua aula, entra em contato com o aluno em sua casa, com sua família e toda a realidade que o cerca. Em contrapartida, esse mesmo aluno acessa a vida e o mundo particular desse professor, ficando difícil de distinguir a noção de privacidade, de público e privado nessa relação.

Desta forma, o professor não entra em contato apenas com a vida acadêmica do aluno, mas com a vida pessoal, vendo familiares adoecendo, falecendo por doenças diversas, inclusive pela Covid-19, causando assim sofrimento psíquico a este profissional da educação, que já vem de um esgotamento físico e mental proveniente do trabalho remoto.

Por diversas vezes o professor compreende que as estratégias utilizadas nem sempre são as adequadas para a faixa etária, para o período de desenvolvimento, condições de aprendizagem, porém, é o que é possível para a realidade atual, muitas vezes causando incertezas quanto aos resultados de suas ações junto aos alunos e consequentemente frustração quando as coisas não saem dentro do previsto.

Diante desse cenário, alguns cuidados podem ajudar a minimizar os efeitos do estresse causados por tantas mudanças em seu cotidiano, tais como manter o ambiente de trabalho e descanso em espaços físicos separados (evite trabalhar no quarto), incluir momentos de lazer na rotina, estabelecer períodos “sem tela” priorizando convívio com familiares, pets, etc., manter atividades físicas regulares, como alongamento, meditação, yoga, praticar uma alimentação saudável, beber água e se possível, fazer terapia. Procure um profissional para que também cuide da saúde mental.

Permita-se pausas! Que tal arrumar a caixa de fotos da família junto com seus filhos e contar uma história engraçada sobre parentes que ele nem conheceu? Ou abrir aquele livro que chegou pela internet e você nem tirou do plástico? Ou ouvir um CD, LP ou fita cassete e se desprender do uso concentrado do celular para tudo, até para ouvir músicas? Um telefonema para um amigo com quem você não fala faz tempo pode ser muito bom também! Abra um vinho ou um suco gelado, não importa. Seja gentil com você!